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A Comunidade por trás e à frente do Comunidade Viva Sem Fome.

Conheça um pouco dos bastidores do projeto que hoje atende mais de 4 mil pessoas em situação de insegurança alimentar.


A primeira parada do Abel quando ele começa um dia de trabalho é nas fábricas de montagem de cestas básicas. De lá, ele segue uma rota de entregas rigorosamente construída há semanas junto com a Viviane, coordenadora do projeto. O motorista do Vivamóvel - apelido carinhoso dado à Sprinter que faz as entregas das cestas, leva alimento para cerca de 60 famílias por dia.


É pelas ruas de um país onde 15 milhões de brasileiros não tem comida e passam fome por 1 dia ou mais* que Abel já rodou mais de 35 mil quilômetros dirigindo o Vivamóvel, carregando, por 1 ano e 4 meses, cestas básicas que simbolizam esperança e alívio para as famílias atendidas pelo projeto.


Talvez ele vá descobrir lendo este texto, mas uma liderança comunitária de um dos maiores aglomerados do Brasil, em Belo Horizonte, nos contou essa semana que logo cedo as crianças se sentam na mureta que dá vista para a entrada da comunidade nos dias que o “moço da van azul vai subir levando o almoço”. Essa expectativa por aquilo que deveria ser direito assegurado a toda criança é notada por Abel, que nos conta um pouco sobre essa relação em uma conversa para a construção deste texto:

“Eu sou muito bem recebido nas comunidades, tenho o respeito de todos. E muito mais ainda do que respeito, é a gratidão. Eles ficam muito agradecidos por eu tá levando o alimento, porque elas de fato precisam. Muitas delas [mães de família] não tem marido em casa, tá desempregada ou não pode trabalhar por causa dos filhos pequenos.”


Antes de sequer ser possível imaginar que um dia teríamos uma equipe, ou um carro para distribuir os alimentos, o Comunidade também percorreu um caminho longo, em um contexto extremamente desafiador. Hoje, ao olharmos para abril de 2020, sentimos muito orgulho da inquietude que nos mobilizou a fazer algo sobre o provável aumento da fome que viria com a chegada da pandemia.


Conhecido pelos quatro cantos da cidade, este projeto foi concebido durante uma ligação entre dois amigos e parceiros na luta pela cidadania, que por causa das instituições onde trabalham, o Ministério Público de Minas Gerais e a AIC - Agência de Iniciativas Cidadãs, conheciam pessoas que poderiam se unir para arrecadar doações de alimentos.


Em alguns dias, todos ao redor do Márcio e da Rafaela já sabiam: era possível doar cestas básicas através do site de alguns supermercados parceiros, onde muitos que podiam manter o distanciamento social faziam as próprias compras. Com a ajuda de vários parceiros, nasceu então um fluxo: os doadores compravam no site do supermercado, que entregavam as cestas no colégio Santo Agostinho, onde as instituições que faziam a distribuição nas periferias buscavam.


Quando o sonho se concretizou, foi necessária uma organização que desse transparência às ações. Foi assim que nasceu o Comitê Gestor do Comunidade Viva Sem Fome, à época composto pela Universidade Federal de Minas Gerais, AIC - Agência de Iniciativas Cidadãs, Cáritas de Minas Gerais e pela Associação Mineira de Supermercados (AMIS). O grupo começou a se reunir semanalmente para tratar das arrecadações, demandas e desafios que se colocavam naquele momento.


Em junho de 2020, justamente quando a pandemia dava sinais de que não seria tão breve quanto desejávamos, as doações começaram a cair. Foi nesse cenário angustiante que conhecemos o Movimento Dias Melhores, que com doações e articulação possibilitou a distribuição mensal de 1000 cestas básicas até dezembro de 2020.


Foi no começo do ano de 2021, que apesar de novo, trazia os mesmos desafios postos nos meses anteriores, que surgiu a possibilidade de enviar um projeto para o Comitê Gestor constituído pelo Ministério Público do Trabalho, Justiça do Trabalho, Defensoria Pública da União e AVABRUM – Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos da Tragédia do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho. Com esse recurso, distribuímos, pelo período de 1 ano, 10 mil cestas básicas por mês.


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Nada é difícil demais.

Quando falamos com Márcio Rogério, idealizador e membro voluntário do Comitê Gestor do projeto sobre as conquistas e desafios que o projeto enfrenta desde 2020, uma frase nos marcou. Ele disse, mais de uma vez, que no Comunidade Viva Sem Fome “nada é difícil demais”, e que é por isso que o projeto sobrevive aos altos e baixos pelos quais já passou. Sobre isso, ele lembra de um acontecimento no Natal de 2021:


“Na época ganhamos mil frangos congelados, e pensamos, o que fazer? Rapidamente, aprovamos coletivamente através do Comitê o aluguel de um carro freezer, desembolamos uma rota e os frangos foram entregues sem que a gente tivesse um espaço de armazenamento como de um frigorífico.”


Hoje o Comunidade Viva Sem Fome de mantém com uma pequena parte restante do recurso reparatório e de doações mensais de pessoas físicas. É por causa desses doadores - ou de vocês, doadores, que o “moço da van azul” segue subindo morros e passando por ruas tão estreitas que a vizinhança toda para pra assistir.


Ao olhar para nossa história e para o futuro que estamos construindo, fica explícito que Comunidade Viva Sem Fome é feito de gente, e é só por isso que resistimos até hoje. Gente que quando vê o Abel chegando, já vem descendo pra agilizar o trabalho, que lembra de um amigo, que conhece alguém que pode fazer um aniversário solidário, que fica até tarde da noite, depois do trabalho, organizando atas das reuniões de balanço do caixa.


Para que possamos continuar com o projeto, ter doadores mensais é fundamental! Se você conhece alguém que possa fazer parte dessa rede de solidariedade, nos ajude a divulgar o site: https://www.comunidadevivasemfome.org.br/ É possível contribuir a partir de R$25,00 mensais!

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